28.10.08

Lobos Especuladores apostam vidas nas Bolsas Cassinos!

A devassa disruptiva promovida pelo neo liberalismo, projeto político humano hegemonico, e pelas tecnologias informacionais, meios de interação e trocas, diluiu as fronteiras de tempo e espaço ao mesmo tempo que esgarçam os referenciais éticos constitutivos do humano ser. Cada um pode ser e fazer o que quiser. A vida, e nela o outro, per sí não constitui mais a fronteira, o pacto sagrado, entre o homem moderno e o primitivo,  entre a civilização e a barbárie.
Fatos como os Nardonis, Eloás, pais que exterminam a família e suicidam-se ou que abandonam flhos não chamam a atenção apenas porque quebram nossas constituições humanas mas também pelo comportamento voyeur do restante da sociedade. Mais do que defensores reagentes o interesse traz em sí um quociente de satisfação dos impulsos. São rituais de imolação. Enfim somos nós naqueles. 
Ninguém está seguro consigo mesmo já que os mecanismos ordenadores, repressores sociais falharam. É o efeito cegueira branca de "Ensaio Sobre a Cegueira" do maravilhoso livro de José Saramago, ilustrado no filme, em cartaz, "Blindness".
Neste ambiente ético existencial caótico grupos viram bandos, aguerridos defensores de seus prórios interesses. É a face original do capitalismo, que maquiado ao tomar chuva, se revelou. Tudo passa a depender então do tamanho e do poder do bando.
Por este prisma podemos olhar os atuais acontecimentos, a atuação e os resultados do bando dos especuladores. Não há, como em 29 uma crise de liquidez por esgotamento dos recursos. O que há de concreto são os lobos do próprio bando que seguindo a próprias leis do capitalismo, se apropriaram de um bocado maior. De resto, somente especulação. E o excesso de especulação, seja na tentativa de se salvar ou de ganhar mais dinheiro ( Sim!!! Tem gente ganhando com a crise, com a subida do dolar, com redirecionamento de investimentos, não é só perdas como propaga a mídia). Mas o fato inconteste, do ponto de vista financeiro é que empresas reais, que produzem empregos e bens de consumo aderiram a lógica de colocar ações na bolsa, um verdadeiro cassino. E então, não porque a saúde de sua empresa não vai bem, mas porque os especuladores resolvem jogar de forma alucinada, encadeando efeito dominó, fazendo com que empresas tenha seu valor reduzido a pó em menos de um mês. Ontem valia bilhões, hoje vale nada. Neste caso se perdessem apenas os jogadores, vá lá, o problema é que com o esfarelamento destas empresas vão junto os empregos, os bens e na sequencia comprometendo toda a cadeia criando em efeito dominó, uma escalada de destruição sem precedentes e  com a economia globalizada, atingindo todos os países do globo. Ou seja, o pior, ainda nem começou. Todos nós, e todos os países, seremos atingidos. O que muda são apenas o grau de danos e quando seremos atingidos.  A outra faceta deste fato inconteste é, ninguém tem o direito de em nome de ganhar muito, sem limites, apostar países inteiros, milhões de pessoas, de vidas em jogatinas arriscadas.
Esta lenga lenga dos governos injetarem dinheiro de garantias públicas no mercado para salvar suas economias é só mais uma tentativa de preservar o deus mercado e marca a profunda dependência que tem dos capitais especulativos. Não adianta, é um poço sem fundo. Tudo que despejarem, não será suficiente. Bata uma desconfiança qualquer por parte dos desconfiados especuladores para que em instantes bilhões de doláres virem fumaça. Temos, tem-se que ter a consciência de que esta permissão, à liberdade dos especuladores, abre as portas do precipício existencial da humanidade. Um especulador qualquer, em qualquer lugar do mundo, tem, na ponta de um dedo, o poder de dizimar milhões de pessoas que ele nunca nem viu.
Qualquer que seja a solução encetada, não pode ser mais uma grande injeção de capital público em empresas privadas, premiando a especulação. Tem que ser em nome da defesa nacional e fundamentalmentedas vidas de quem nunca nem passou perto de uma Bolsa Cassino. E qualquer que seja a ação, não tem como ser outra senão fechar por tempo indeterminado as bolsas, enjaulando e enquadrando os lobos especuladores.

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