4.11.08

Agradecimentos e Homenagens

Hoje finquei uma enorme conquista: Andei de onibus!

Enigmático? Parece. Explico!
Sabe uma vida de 20 e poucos anos de atividades variadas, mas sempre muito intensas. Aliás, tudo muito. Muita gente, gente de todo matiz sócio cultural economico. Questões as mais variadas. Da revolução armada a revolução dos para e com os homens. Não tenho dúvidas, estamos nos revolucionando e revolucionando. Mas enfim uma correria sem fim. Casamento, 3 filhos, cachorros, gatos, parentes, festinhas de parentes e amigos, dia dos pais, dia das mães, escola, mamadeira, educação para a vida. Desemprego, construção de nova  carreira,3 para alimentar e morar! De repente, num infeliz acaso, tudo despeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeennnnnnnnnnca! De repente, marcha reduzida a zer0! Simbólica e concretamente começar tudo do zero. Dependência absoluta. Banho de toalha. Lenços umedecidos para as partes intímas. E o cachorro, latindo na sua idéia. Não deixa esquecer. Nunca ví tanta gente do mais pequenininho ao maior, do mais novo ao mais velho envolvidos numa complexa rede operativa para te botar de pé. Ritual dos deserdados cidadãos frequentando a saúde pública. Uma roleta russa genocida, pois coloca milhares de pessoas em absoluto risco, onde o cidadão é a bala. Saúde Plus, o cidadão que sse vire para compor um atendimento integral. Exame lá, cirurgião aqui, clinico, íííhh, clinico não veio, pediatra... leva direto para Taipas ou Pirituba, nem faremos a ficha! Rodam a cidade inteira para efetivar um atendimento e na volta outro périplo para pegar remédios. Eu fiz das muletas uma arma e quase perdi a cabeça. Enfim passada a turbulência inicial, dezenas de amores e parceiros pacientes. Tenho que aceitar para poder iniciar um caminho de reconstituíção/reconstrução. Economia de movimentos e de alugação das pessoas. Não é por nada, mas como um doente semi imobilizado numa casa mobiliza e estressa o ambiente. Todo mundo tem sua vida alterada.  Quase dois meses nessa maratona. Tive que me dispor a voltar voluntariamente desta vez ao ponto de velocidade zero para retomar um pé de cada vez. Intensas micro batalhas, intensas quanto micro vitórias! Os fogos de artifícios: Meus filhos, minha mulher, minha família, meus amigos aplaudindo os primeiros passos minha promoção de muleta para bengala, aparecer andando carregando duas inimagináveis xícaras de leite. Estou na estrada de novo! A todos, ao Sérgio em especial, um novo homem, um novo amigo, na verdade mais um irmão. Agora tenho três  batizados irmãos nas batalhas da vida, um do peito e do sangue e mais 4 mulheres do peito e do sangue. A todos, absolutamente todos, minha eterna reverência e um brinde ao amor, aos afetos, a amizade e ao eterno compromisso: Permanecer grupo, comunidade, solidários sempre!
Saio com uma certeza fundamental: A despeito de estarmos avançando, enfrentaremos tempos mais complexos e difíceis ainda. A única saída é constituirmo-nos em comunidades, em rede tecida e amarrada em laços de afetivos valores. Se já me chamava a atenção antes, imagine agora imaginar o quanto de recursos, de reordenamentos, de ações, de pessoas são necessárias para efetivamente construir a inclusão de cada um destes milhões de deserdados.
Por isso voltar a andar de onibus é a mãe das batalhas!
Em destaque a reafirmação de que o projeto humano é possível: Preocupado com meu filho Mateus, de quase 4 anos, ser rápido em fantasiar  e mais ainda em distribuir a responsabildade dos seus atos para os outros. Qualquer coisa, os irmãos. Noutro dia ofereço a ele iogurte. Aceita. Vejo uns pingos perto da geladeira, somo dois mais dois. Beberam escondido! Pergunto quem foi. Mateus vaticina: O Pedro! Faço ahn e continuo em direção aos copos, quando ele me interrompe com um profundo, puro e sincer: Desculpa pai, não foi o Pedro, fui eu! A única reação que conseguí expressar foi um imenso e feliz contentamento. Tantos vivas e parabéns que o Mateus não entendeu, mas nunca, nunca esquecerá. Estava selado alí um ato de pertencimento a humanidade etenho amis certeza ainda, a ética só existe se entrelaçada com afeto, o que faz existir o outro. 
É posssível!